Tratado de Versalhes


Tratado de Versalhes

Os Duros Termos da Paz – O Tratado de Versalhes.

Ratificado no Palácio de Versalhes, na França, o Tratado de Versalhes obrigou a Alemanha a assumir a total responsabilidade pela Primeira Guerra Mundial. Com 440 dispositivos confeccionados de modo brutal e vingativo, o tratado se revelaria um grave erro – a Alemanha não esqueceria a humilhação.

Em tela, a histórica cena em que Georges Clemenceau, o "Tigre Velho da França", motivado por ressentimentos profundos para com a Alemanha, assina o Tratado de Versalhes. Após a assinatura, seu compatriota, o marechal e herói Ferdinand Foch, comandante supremo da Tríplice Entente, lamentou: "Isto não é a paz. É apenas um armistício válido pelos próximos vinte anos". Fotografia cristalizada no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, na França, em 28 de junho de 1919.

Com o iminente fim da Grande Guerra (1914-18), começaram os debates sobre os termos do armistício e, essencialmente, sobre o que deveria ou não ser imposto aos países derrotados. Em 8 de janeiro de 1918, Thomas Woodrow Wilson, então presidente dos EUA e futuro Nobel da Paz (1919), expôs o que acreditava ser necessário para se chegar à paz verdadeira. Em Washington, nos EUA, Wilson lançou o que ficaria conhecido como "os Catorze Pontos de Wilson". [ver link ao final]

O projeto de Wilson buscou consideração em relação aos termos do tratado que seria produzido, mas, devido ao forte isolamento dos EUA durante quase toda guerra, pouco foi considerado. "Os 14 pontos não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a ideia de uma Paz 'sem vencedores nem vencidos'. No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma 'vendetta' por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceu sobre as intenções americanas."

O presidente estadunidense receava que as fortes imposições que a Tríplice Entente pretendia aplicar causassem nova guerra. Em contraposição, encontravam-se os países europeus, sobretudo Inglaterra e França, que desejavam massivas compensações financeiras dos vencidos. Acreditavam que as compensações seriam justas pelo sofrimento causado pelas armas do Kaiser Gulherme II. Os alemães, na maioria das vezes, não eram retratados como um dos tantos responsáveis pela guerra, mas como o único responsável.

A Inglaterra, que seria uma das "grandes" vencedoras militar da guerra, saiu com sua economia arruinada e dependente dos EUA. Nunca antes o vencedor de uma guerra de imensurável escala saiu tão arrasado – seu imenso potencial econômico foi avassalado.

Os franceses, mais que os britânicos, possuíam fortes ressentimentos para impor duras penas à Alemanha – foram motivados por uma vingança que remontava a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-71), quando o Reino da Prússia tornou-se Alemanha (unificação alemã). Em 18 de janeiro de 1871, o rei da Prússia, Guilherme Hohenzollern, tornou-se Guilherme I, Kaiser do recém-criado Império Alemão (II Reich). O local escolhido para a proclamação do império e a coroação do Kaiser não poderia ser mais simbólico: o Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes – que, anteriormente, também serviu de hospital de campanha para soldados alemães. Os franceses se sentiram ultrajados, mesmo tendo sido os responsáveis pela Guerra Franco-Prussiana.

Sem flexibilidade, a elaboração do documento – o Tratado de Versalhes – iniciou-se no princípio de 1919 e ficou pronto após quatro meses de difíceis negociações, sendo apresentado à Alemanha no dia 7 de Maio. Os dispositivos do Tratado causaram revolta na delegação alemã. O embaixador alemão, Brockdorff-Rantzau, disparou: "Perdemos o fôlego quando lemos as exigências que nos foram feitas, a violência vitoriosa de nosso inimigos. Quanto mais penetramos no espírito desse tratado, mais nos convencemos que é impossível levá-lo adiante".

"Punitivo, o calhamaço tem 440 artigos e mais um florilégio de apêndices, anunciando de alguma forma a responsabilidade da Alemanha por todas as agruras sofridas no planeta nestes últimos anos."

Em 28 de Junho de 1919, Hermann Müller, Ministro alemão do exterior, assinou o Tratado de Versalhes, que foi ratificado na recém-criada Liga das Nações (embrião da ONU) e entraria em cumprimento em 10 de Janeiro de 1920. Após a ratificação, ao que parece, somente uma coisa parecia encontrar unanimidade entre as delegações: o incerto e sombrio futuro da Europa ao fim da Grande Guerra.

Após a aprovação do documento, a publicação holandesa Algemeen Handelsblad ameaçou: "a Alemanha acorrentada e escravizada será sempre uma ameaça à Europa"; e o estadista britânico, David Lloyd George, eternizou: "Esta guerra, como aquela que se seguirá, é uma guerra para acabar com todas as guerras".

As consequências do Tratado de Versalhes levariam caos ao pós-guerra alemão. A década de 1920 alemã seria marcada por grandes crises e acirradas disputados políticas. O Tratado de Versalhes teve efeito contrário ao pretendido e ajudou Hitler a abocanhar o poder.

Dentre as exigências impostas à Alemanha, encontram-se:

Admissão de culpa e responsabilidade única da Alemanha pela ocorrência da Grande Guerra;
Proibição da união entre Alemanha e Áustria;
Compromisso de reparações financeiras a definir (especialistas falam em uma quantia superior a 20 bilhões de dólares);
Concordância com julgamento internacional do Kaiser e de outros líderes de guerra;
Devolução da Alsácia e da Lorena à França;
Cessão de Eupen-Malmedy à Bélgica, de Memel à Lituânia e do distrito de Hultschin à Checoslováquia;
Entrega da Poznania, Silésua setentrional e Prússia oriental à Polônia restabelecida;
Entrega das possessões ultramarinas na China, África e Pacífico;
Transformação de Danzig em cidade livre;
Desmilitarização permanente e ocupação aliada por 15 anos da província do Reno;
Limitação do Exército Alemão a 100.000 homens, para segurança interna, sem tanques, sem artilharia pesada, sem suprimentos de gás, sem navios ou aviões;
Limitação da Marinha Alemã a belonaves inferiores a 100.000 toneladas e proibição de submarinos.


[vídeo] Tratado de Versalhes: http://youtu.be/JwtkfGY5GnI

Os Catorze Pontos de Wilson:http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u466290.shtml


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Texto: Eudes Bezerra.
Administração Imagens Históricas.

Imagem: "Georges Clemenceau Signing Treaty of Versailles", de 28 de junho de 1919, Versalhes, França. Crédito:© Bettmann/CORBIS. ID: BE044473.

Referências:

ALMEIDA, André Luiz. O Tratado de Versalhes. Disponível em: <<http://segundaguerra.net/o-tratado-de-versalhes/ >>. Acesso em: 25 maio 2013.

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. trad. Marcos Santarrita. 2 ed. 46 imp. São Paulo: Companhia de Letas, 2012.

HOLMES, Alex Selwyn. O Tratado de Versalhes. Disponível em: <<http://iconicphotos.wordpress.com/2009/04/28/the-treaty-of-versailles/ >>. Acesso em: 23 maio 2013.

SCHILLING, Voltaire. I Guerra Mundial - Os "14 Pontos do Presidente Wilson". Disponível em: <<http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/primeira_guerra5.htm >>. Acesso em: 23 maio 2013.

Veja na História. A Paz, em termos. Disponível em: <<http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1919-junho-nova-europa/assinatura-tratado-versalhes-cerimonia-criticas.shtml >>. Acesso em: 24 maio 2013.

Veja na História. Um herói contrariado. Disponível em: <<http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1919-junho-nova-europa/ferdinand-foch-heroi-contrariado-previsao.shtml >>. Acesso em: 26 maio 2013.

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