PERÍODO REGENCIAL
Com
a abdicação de D. Pedro I, considerando o fato do príncipe herdeiro ter apenas
5 anos de idade, era necessária, segundo a Constituição, a eleição de três
membros pela Assembléia Geral (Senado e Câmara dos Deputados), que formariam
uma Regência, para ocupar o lugar do príncipe herdeiro até que o mesmo
atingisse a maioridade. No entanto, naquele dia 7 do mês de abril (mesmo dia da
abdicação de Pedro I) de 1931, os parlamentares estavam de férias. A solução
encontrada pelos parlamentares presentes na capital, na época o Rio de Janeiro,
foi a eleição de uma regência provisória.
O
Período Regencial (1831 – 1840) pode ser dividido em duas partes: a Regência
Trina (Provisória e Permanente) e a Regência Una (1834-1840). Nesse período, a
Assembléia era composta por três grupos: os moderados (maioria na Assembléia,
representavam a elite e defendiam a centralização do poder); o restauradores
(defendiam a restauração do Imperador D. Pedro I); e os exaltados (defendiam a
descentralização do poder).
A
Regência Trina Provisória, eleita em abril, ficou no poder até julho, e era
composta pelos Senadores: Nicolau de Campos Vergueiro (liberal moderado), José
Joaquim Carneiro Campos (representante dos restauradores) e brigadeiro
Francisco de Lima e Silva (dos mais conservadores do Exército). A Regência
Trina Permanente foi eleita em julho de 1831, pela Assembléia Geral. Seus
integrantes foram: deputado José da Costa Carvalho (moderado), João Bráulio
Muniz e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que já era integrante da
Regência Trina Provisória. Como ministro da justiça, é nomeado o padre Diogo
Antônio Feijó. A situação política no país diminuía a governabilidade. Restauradores
e exaltados faziam oposição aos regentes. Para conter os excessos, Diogo
Antônio Feijó criou, ainda em 1831, a Guarda Nacional, formada por filhos de
aristrocatas moderados.
No
entanto, conflitos separatistas eclodiram a partir de 1833. O primeiro foi a
Cabanagem (Pará), à qual seguiram: a Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul), a
Revolta dos Escravos Malês e a Sabinada (Bahia); Balaiada (Maranhão).
Em
1834 a situação política foi alterada com a morte de D. Pedro I. Os
posicionamentos políticos mudaram, de modo que a Assembléia ficou dividida
entre Progressistas (defendiam o diálogo com os revoltos) e os Regressistas
(defendiam a repressão as revoltas). Em 12 de agosto de 1834, a Regência Trina
Permanente assinou um Ato Adicional, que por suas medidas foi considerado um
“avanço Liberal”. Uma dessas medidas substitui a Regência Trina pela Regência
Una.
Os
candidatos mais fortes que concorreram ao cargo de regente único foram: Antônio
Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre Diogo Antônio
Feijó (liberal), sendo que o vencedor foi Feijó, por uma pequena diferença de
votos. Empossado em outubro de 1835, para um período de 4 anos, Feijó renuncia
em setembro de 1837, com menos de dois anos de mandato. Os conflitos
separatistas, o isolamento político e a falta de recursos foram os motivos que
o levaram a renuncia.
A
Segunda Regência Una leva a marca dos conservadores. Aproveitando o desgaste
dentre os liberais, os conservadores elegeram Pedro de Araújo Lima como regente
único em 19 de setembro de 1837. O poder central é fortalecido. A Lei
Interpretativa do Ato Adicional de 1834, aprovada em maio de 1840, representa
um retrocesso para os liberais, que, sem saída, articulam o Golpe da
Maioridade.
Os
conflitos e tensões aumentaram a instabilidade política, levando a elite
agrária a preferir o retorno da monarquia, a centralização do poder. Os
liberais, por sua vez, criaram o Clube da Maioridade, e lançaram uma campanha
popular pró-maioridade de Dom Pedro. Com a opinião pública a favor, a constituição
é transgredida em 1840, pois D. Pedro é declarado maior de idade, aos 14 anos.
Os objetivos, tanto dos Progressistas quanto dos Regressistas, era de governar
por meio da manipulação do jovem D. Pedro II, assim intitulado quando assume o
governo, em julho de 1840.
A cabanagem foi uma revolta que aconteceu no norte brasileiro, no Grão-Pará, o
estado que continha os atuais Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Tinha
como objetivo aumentar a importância que o Pará tinha para o Brasil, melhorar a
condição de vida do povo (isso mesmo!), que vivia em cabanas de barro (daí o
nome da revolta) e tirar do poder dos governadores da província, que na maioria
das vezes, nunca tinham ido à região. Faziam parte da
conspiração índios, mestiços e pessoas da classe média. Tomaram por duas vezes,
o controle de Belém, capital da província. Na primeira vez, em agosto de 1835,
liderados por Félix Melcher e Francisco Vinagre, as forças do governo
recuperaram o poder, através de ataques de mercenários estrangeiros, e com uma
ajuda dos próprios lideres, que muitas vezes entravam em desacordo. Logo após, os cabanos que se encontravam no interior se
movimentaram para a capital, tomando o poder novamente. O chefe dessa segunda
investida foi Eduardo Angelim, que, apesar de ser da classe média, favorecia
demais os pobres, causando estranheza e abandono dos outros líderes, culminando
com o fim de seu governo, que foi de agosto de 1835 a abril de 1836. O governo
reprimiu duramente os cabanos, fazendo vários massacres. O movimento ficou
ativo entre 1836 e 1840, no interior da amazônia, por meio de guerrilhas, mas não conseguiram
maiores feitos. Ao final, cerca de 30 mil pessoas haviam morrido, uma
grande parcela da população. Belém ficou destruída, com vários prédios e casas
queimadas.
Também chamada de Revolução
Farroupilha, a Guerra dos Farrapos foi o mais importante
conflito regencial. Durou 10 anos (1835 – 1845) e a paz só chegou no governo de D. Pedro II.
Os objetivos dos
farroupilhas eram:
- Pagar menos
impostos;
- Queriam que o governo central aumentasse as taxas alfandegárias sobre o charque (carne-seca), o sebo e o couro;
- Queriam que o governo central aumentasse as taxas alfandegárias sobre o charque (carne-seca), o sebo e o couro;
O charque, além de
ser o principal alimento dos escravos e dos pobres, também era o principal
produto da economia gaúcha.
Os comerciantes do
sudeste (dominados pelos latifundiários do centro e norte) compravam charque
mais barato do Uruguai e da Argentina. Os uruguaios e argentinos vendiam
barato, porque a mercadoria era produzida com mão-de-obra livre.
A concorrência não
agradava os fazendeiros gaúchos que pagavam maiores impostos do que os
estrangeiros. Por causa dos impostos, a classe dominante do Rio Grande do Sul
apoiava os ideais dos federalistas (chamados de farroupilhas) que queriam
diminuir o poder do centro e aumentar a autonomia provincial. Em 1834, nas
eleições para assembléia provincial, os federalistas eram a maioria e isso
dificultou as relações com o presidente da província (nomeado pelo imperador). Um
grande proprietário chamado Bento Gonçalves, assumiu o comando do
exército farroupilha (formado por fazendeiros e peões) e pouco tempo depois
ocuparam Porto Alegre iniciando a guerra. O governo imperial, então, convocou
Luis Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) para combater e derrotar os
farroupilhas. O Rio Grande do Sul se rendeu; mas, conseguiram que as taxas
alfandegárias sobre o charque fossem aumentadas. Apesar do nome, os farrapos
não eram esfarrapados, o movimento, na verdade, foi liderado por fazendeiros
criadores de gado bovino.
A Sabinada foi
uma das menores revoltas populares no período regencial, que aconteceu na
Bahia, durante os anos de 1837 a 1838. O clima político na capital baiana
ficou pior quando o Padre Feijó renunciou ao governo, e a apresentação da Lei
de Interpretação do Ato Adicional. Tudo isso desagradou a classe média,
representantes das oligarquias rurais e o setor militar. Eles então criaram uma
república temporária, que iria governar a Bahia até que D. Pedro II alcançasse
a maioridade (15 anos). O líder dessa revolta foi o médico Francisco Sabino da
Rocha Vieira (daí o nome Sabinada), que junto das tropas militares locais,
expulsou as autoridades locais. Uma importante peça foi a presença de Bento
Gonçalvez, que estava preso em Salvador, por liderar a revolução farroupilha. Mas
as ações dos grupos rebeldes foram poucas, conseguiram apenas conquistar alguns
quartéis. Isso facilitou a repressão do governo, comandada pelo
marechal-de-campo Crisóstomo Calado, que combateu severamente os desordeiros.
Francisco Sabino foi exilado na província de Mato Grosso.
No início do século
XIX, a população maranhense era composta de escravos e de sertanejos
miseráveis, enquanto o poder estava nas mãos de proprietários rurais e
comerciantes. Tudo isso fez com que a revolta e a insatisfação popular se
agravasse, principalmente depois que políticos conservadores tentaram aumentar
os poderes dos prefeitos. A revolta popular transformou-se em um movimento que
foi capaz de mobilizar a classe marginalizada da sociedade. O início da revolta
foi no dia 13 de dezembro de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo
Gomes invadiu a cadeia local para libertar alguns companheiros que
tinham sido presos. Com o sucesso da invasão e ajudados pela Guarda
Nacional os vaqueiros tomaram conta do lugarejo. A Balaiada representou a luta popular contra as desigualdades e
injustiças da sociedade da época (sociedade escravista). Toda essa insatisfação
e revolta uniram cada vez mais a classe marginalizada da sociedade. A balaiada
teve sua origem no confronto entre duas facções: cabanos (conservadores)
e bem-te-vis (liberais). Os membros destes dois partidos
pertenciam à classe alta do Maranhão. Até 1837, o Maranhão foi governado pelos
liberais (bem-te-vis); porém, com a ascensão de Araújo Lima como
regente e a vitória dos conservadores no governo central do Rio de Janeiro, os
conservadores (cabanos) do Maranhão conquistaram o poder e afastaram os
bem-te-vis do governo. Enquanto esses dois grupos brigavam entre si, Raimundo
Gomes levava a revolta para o Piauí e em 1839 contava com a participação
de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (fazedor de balaios –
cestos de palha). Daí o nome do movimento. Toda a agitação que a revolta causou,
beneficiou os bem-te-vis, pois isso refletia de forma negativa na administração
dos cabanos. A rebelião continuava até que em julho de 1839 os balaios tomaram
a vila de Caxias (segunda cidade da Província do Maranhão). Com a gravidade da
situação, bem-te-vis e cabanos começaram a se unir para dar início à repressão
contra os balaios. Começaram, então, a subornar os rebeldes, com a finalidade
de desmoralizar o movimento. A tática deu certo e em 1839 o governo central
nomeou o coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) presidente
da província e comandante de todas as forças repressivas do Maranhão. Como 1ª
medida, o novo presidente pagou os atrasos aos militares, reorganizou as tropas
e começou a atacar e a cercar os redutos balaios, que estavam enfraquecidos,
devido às deserções e a perda do apoio passivo dos bem-te-vis. A anistia
decretada em agosto de 1840, provocou a rendição imediata de cerca de 2500
balaios. Quem resistiu foi, logo em seguida, derrotado. Estava terminada a
Balaiada. Em maio de 1841, Luís Alves de Lima e Silva fez uma avaliação
positiva da sua atuação e com essa atitude dava por encerrada a sua missão.
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